A companhia irlandesa de preço baixo (ou Low Cost) RYANAIR é a mais popular e a mais polémica da aviação civil na Europa. Todos os dias as suas notícias geram controvérsias tornando-a famosa mas ao mesmo tempo dando-lhe notoriedade.
Esta forma de estar no mercado, utilizando ao limite o marketing agressivo acaba por funcionar a seu favor. Obcecada pelo corte de custos e aumento de rentabilidade, chega quase a ser alvo de troça pelos anúncios que publica. Depois de ter anunciado que iria começar a transportar passageiros em pé, de cobrar uma taxa de 1 euro para acesso às casas de banho ou de instalar máquinas automáticas de distribuição nos seus aviões. Assim, adquirir bebidas quentes e frias, sanduíches, snacks, gelados, preservativos, cigarros sem fumo ou mesmo as raspadinhas directamente nas máquinas, será mais uma vantagem competitiva. A polémica mais recente é a abolição do co-piloto, passando esta tarefa a ser realizada por um comissário com instrução que possa intervir em caso de emergência. Bem-vindos ao mundo Ryanair.
Como é que podemos olhar para uma companhia aérea com esta filosofia, obcecada por rentabilidade? Onde estão os valores que nós, passageiros, tanto apreciamos já que para muitos, andar de avião não é tarefa fácil pelos receios naturais de voar?
Tenho notado que há medida que as pessoas vão conhecendo melhor as companhias aéreas de preço baixo, em particular a Ryanair, se tornam mais cépticos e menos encantados. Torna-se relevante olhar para a Ryanair da mesma forma que ela olha para nós. Daí que fique eternamente associada a preço baixo, podendo por vezes este preço baixo não ser o mais baixo do mercado. Esta tem sido uma situação muito recorrente. Logicamente que não esperávamos que transportasse todos os passageiros ao preço de 5 Euros por cada percurso. Antes de comprar um bilhete da Ryanair acima dos 80 euros por viagem, devemos questionar se não haverá uma companhia aérea regular que tenha o mesmo preço. Tudo para a Ryanair é motivo para fazer dinheiro que anunciam preços simbólicos mas quando é fechada a compra o preço já triplicou. Até à efectivação da operação devemos saber que estão sempre a surgir novas taxas, parecendo que “nos deram os preços dos pneus e depois falta comprar o resto do carro.” Desde o preço visível da viagem aérea, são possíveis de ser acrescidos os suplementos de malas, equipamento especial, embarque prioritário, marcação de lugares, seguro de viagem, taxa de check-in on-line, taxa de pagamento por cartão de crédito, entre muitos outros. Já para não contar com os custos de mudança de nome, alteração de data, alteração de rota, taxa para reimpressão de cartão de embarque, entre muitas outras situações. Cancelamentos não existem. Depois de comprados os bilhetes não há reembolso possível, só alterações a preços que podem ser quatro vezes mais do que comprar uma viagem nova. São estes factores que levam as pessoas que acolheram com tanto entusiasmo a vinda das companhias aéreas Low Cost a verem agora que na verdade têm de ter prudência.
A história da aviação civil tem alguns exemplos de companhias aéreas que escolheram este caminho obsessivo de controlarem os custos e lhes causou um fim repentino após o primeiro acidente. Daí que nós profissionais do turismo que lidamos diariamente com todas as companhias aéreas olhemos para a Ryanair com muitas apreensão. Viajar na Ryanair sim, mas só se for mesmo a preço de táxi.
Editado no Jornal Beirão, em 10 de Setembro de 2010
Outras notícias relacionadas:
E se apanhar um avião fosse como dar uma voltinha a cavalo
Uma empresa italiana criou um banco de avião que economiza quase 30 centímetros no espaço entre os assentos
Ao comprar um bilhete de avião, até agora escolhia entre classe turística ou executiva. Os dois estavam separados pelo preço e por mais ou menos mordomias a bordo. Mas saiba que, brevemente, outros tamanhos vão contar. O espaço para esticar as pernas.
Foi criado um banco mais estreito do que os normais, uma boa notícia para quem gosta de viajar e pagar pouco e um piscar de olhos às companhias aéreas «low-cost», que crescem num mercado em crise.
Razões que fazem do «Sky Rider» a estrela da exposição «Interiores de aviões 2010», nos Estados Unidos, conta o «USA Today», mas criado por uma empresa italiana.
A distância entre os bancos é de cerca de 58 centímetros, contra os actuais 80 centímetros. Parte do peso do passageiro é transferido para as pernas, que ficam apoiadas no banco da frente. E ainda dá espaço para colocar uma mochila.
Traduzindo à letra, o nome do banco é «cavaleiro dos céus» e o nome faz jus. Este modelo pode servir para introduzir a classe «cavaleiro», já que parece que os passageiros vão sentados numa sela. A empresa fabricante garante o conforto em «vôos entre uma e três horas»
A Ryanair, que já faz descontos a quem não come refeições a bordo, assim como a Spring Airlines China estão interessadas em novas maneiras de economizar espaço nos aviões.
Mas, não é assim tão fácil implementar este modelo. Questionada pela «BBC», a Boeing fez saber que há dois grandes problemas para esses lugares: cumprir o dever de suportar 16 vezes a força G, sem cair como dominós, que exige mais resistência do que o assento normal e, especialmente, que os aviões têm um número limitado de lugares, como os 189 lugares na Ryanair B737.
Uma coisa é garantida: não tentem sentar lá uma equipa de basquetebol.
Fonte: http://www.tvi24.iol.pt/