Se as Torres Gémeas fazem falta à paisagem nova-iorquina, experimente tirar o metro da cidade. A morte é imediata! O metro é a horta de Nova Iorque, torna o carro dispensável e faz com que o andar debaixo da cidade seja tão dinâmico quanto o de cima. Transportando mais de 4,7 milhões de pessoas por dia e interligando quatro distritos da cidade (Manhattan, Queens, Bronx e Brooklyn), o sistema completou em Outubro passado 102 anos.

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Recentemente o metro lançou uma campanha curiosa e arriscada “If you see somethinhg, say something” (Se vir alguma coisa, diga-nos), com a intenção de fazer com que os passageiros comuniquem às autoridades de cada estação a desconfiança sobre pessoas e até embrulhos “suspeitos”. Difícil é saber o que seria um suspeito na cidade mais cosmopolita do mundo. Um embrulho do McDonald’s largado no banco? Um trabalhador árabe de turbante? Um gang de adolescentes do Bronx com o rádio nas alturas? Uma mulher de cabelo verde com 80 piercings na cara?

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Se alguém levar a sério este aviso “say something”, passará o dia no metro. Sem contar que os vagões mais parecem bibliotecas: cada um mergulha na leitura, dorme ou ouve musica no seu iPod. Sem olhar para frente ou para o lado, o máximo de diálogo que se ouve é o imperativo “excuse me”.

O mapa do metro não tem mistérios. Basta saber contar até 200, e diferenciar norte de sul. Os comboios sobem e descem os 1.062 quilómetros de carris. As linhas são designadas por cores e as estações são numeradas. Alcançam o aeroporto JFK, passam sob o bairro indiano no Queens, o bairro de judeus ortodoxos no Brooklyn, a região de dominicanos no Harlem, o bairro gay (Chelsea) em Manhattan e o Zológico do Bronx. Os 6.200 comboios em circulação têm ar-condicionado e, a chegar a cada estação, ouve-se sempre o mesmo aviso: “Stand clear from the closing doors” (Mantenha-se longe das portas, que fecham automaticamente”).

Nova Iorque tem 468 estações de metro (277 subterrâneas), mas nem todas são convidativas. Muitas são sujas, têm infiltrações, abrigam inofensivos mendigos, são mal sinalizadas. Uma novidade centenária do sistema nova-iorquino é a linha Express (linha A, por exemplo). Diferenciasse dos metros de outras cidades, porque estas linhas param apenas nas principais estações e, assim, cruzam a cidade em poucos minutos. Uma das linhas mais fantásticas é a amarela, que passa na Broadway (a maior avenida de Nova Iorque), pelo Brooklyn, Wall Street, Chinatown, SoHo, e depois sobe até o bairro de Queens.

A estação mais movimentada do metro é a Times Square, onde chegam por dia mais de 170 mil pessoas. A animação das ruas de Nova Iorque concorre directamente com os espectáculos da Broadway.

Uma experiência a não perder por nada!