Quando o sector das agências de viagens se organizava para combater o fim das comissões por parte das companhias, aplicando para o efeito a taxa de emissão como modelo de retribuição na venda de aviação; e com este modelo permitir assegurar a sua rentabilidade. Eis que surgem novos obstáculos, como se virá neste exemplo, e no modelo que foi imposto pela Ibéria, vendido como uma tábua de salvação mas que ocultava outras intenções (denunciada desde o principio pelas agências espanholas) como a de revelar ao cliente o preço do nosso trabalho e criar uma guerra de “fees” entre os distintos canais de vendas: as agências tradicionais (com maiores custos com pessoal), as agências online e as companhias aéreas. Ainda que as agências tradicionais se mantenham firmes na cobrança do seu “fee” necessário para manter a sua estrutura, é evidente a preocupação que reina neste momento.
Recentemente, um tribunal comercial espanhol ditou uma sentença que anula, porque as considera ilegais, as cobranças por emissões ou “fees” pela companhia Spanair na sua venda directa, com base na Lei de Navegação Aérea espanhola e nas disposições previstas na Convenção de Varsóvia. O Juiz entendeu que a emissão do bilhete por parte da companhia forma parte das suas atribuições, contempladas nas suas tarifas, já que sendo uma transportadora considera ilegal cobrar adicionalmente uma quantidade fixa por isso. Uma sentença pioneira na Europa, que estabelece um precedente em relação aos “fees” de emissão das companhias aéreas regulares, e que ocorre num contexto em que a Comissão Europeia vigia as companhias aéreas por publicidade enganosa, e por não publicitar os preços finais ao consumidor.
É um facto que a sentença só vincula a companhia Spanair e as suas condições gerais de contratação, e que a mesma, ainda que não afecte directamente as agências de viagens e os seus “fees”, afecta o sistema de retribuição das agências, porquanto os transportadores aéreos, não cobrando os ditos “fees”, podem vender abaixo do preço total que as agências oferecem aos seus clientes. Fizeram recurso da sentença, mas em poucas semanas apenas, a Ibéria, Air Europa e Spanair, começaram a publicitar aos clientes as suas tarifas, incluindo os “fees”, de aproximadamente 13 euros, quando as agências cobram em média 20 a 25 euros em bilhetes domésticos, e as grandes agências online, cujo único valor para a captação de clientes é o preço, cobram cerca de 5 euros de fee. O que sucede, quando tudo indica que estamos a um passo das companhias aéreas espanholas deixarem de cobrar o “fee” na venda directa e nas suas páginas web, é a evidência eminente da desvantagem competitiva das agências na venda de aviação, e o desafio da agência tradicional em oferecer aos clientes um valor acrescentado que não encontra no fornecedor.
Devemos olhar para os nossos vizinhos espanhóis e começar a antecipar este problema que mais tarde ou mais cedo acabará também por se repercutir no nosso país, e de alguma forma “incomodar” a nossa rentabilidade.
From: lucas rosa vilas boas
Sent: Saturday, April 19, 2008 9:23 PM
Subject: Pergunta sobre agência
Boa tarde!
Meu nome é Lucas sou estudante de Turismo na UNITRI em Uberlândia – MG estou fazendo um trabalho sobre agências de turismo, eu li o seu blog, e tenho algumas perguntas se o Sr. poder responder ficarei muito grato ,no futuro as operadoras como as companhias aéreas irão parar de comissionar as agências de turismo? você acha q agências de turismo não irão existir daqui um tempo devido a internet??
fico muito grato se responder minhas perguntas.
obrigado.
Caro Lucas Boas,
Muito obrigado pelo seu e-mail.
Na verdade as suas questões, são muito pertinentes pois têm preocupado o sector da distribuição em particular das agências de viagens.
Respondendo objectivamente a cada uma delas:
“No futuro as operadoras como as companhias aéreas irão parar de comissionar as agências de turismo?”
Em termos de aviação já estamos neste cenário. As companhias aéreas na Europa estão pagando somente 1% e algumas delas já passaram mesmo para os 0%. Nos EUA e Canadá isso já está acontecendo há alguns anos. Este fenómeno provocou inclusive nestes países o encerramento de muitas agências de viagens “físicas” ditas de agências de rua para abrirem em formato on-line. Ou seja verifica-se que a venda on-line está em franco crescimento e está sendo a forma mais prática de comprar as viagens e férias.
Em relação às operadoras, não faz sentido para já falar de “parar de comissionar as agências”, já que a razão da sua existência são exactamente as agências de viagens. As operadoras produzem pacotes de viagens para serem distribuídos pelas agências de viagens. Isto mudará quando elas estiverem vendendo directamente ao público, em boa parte julgo ser esse o desejo, mas assim acabaria a razão delas existirem.
Você acha q agências de turismos não irão existir daqui um tempo devido a internet?
De maneira nenhuma, o que vai acontecer é o que se passou no caso dos EUA e CANADA que as agências estarão mais presentes na Internet com maior proximidade com o seu cliente fiel. Ele vai continuar a comprar na sua Agência de viagem. Acredito que o que irá acontecer é que o próprio mercado vai provocar a extinção natural daquelas agências que não acompanharem as mudanças e novos hábitos sociais.
Foi um prazer,
Paulo Coelho