Acredito que muito poucos não tenham ainda ouvido falar das companhias aéreas “Low Cost” (ou de baixo custo) que têm surgido como cogumelos por toda a Europa.
Afinal o que são estas companhias Low Cost?
São companhias que adoptaram uma agressiva estrategia de marketing publicitando bilhetes de avião a partir de 1 euro (sim 1 euro). Mas não se entusiasmem porque o preço medio praticado por voo é de aproximadamente 80 euros.
Mesmo assim questionamos como é possivel uma companhia aérea praticar estes preços e ainda apresentarem lucros de milhões?
São muitos os factores que contribuem para isso, desde a eliminação de todos os serviços gratis a bordo (refeições, bebidas e jornal), a redução de peso permitido, a não marcação de lugares, a não transferencia de bagagem e passageiros entre voos de ligação, os seguros de viagem e bagagem opcionais. Na pratica transformaram o que seria um custo para uma companhia regular numa oportunidade de receita, cobrando por todos os serviços extras, e que na verdade, são dispensados por uma maioria dos passageiros.
A segunda questão que importa saber é a segurança. Conseguirão estas companhias respeitar as normas de seguranças impostas pelas autoridades de segurança da aviação civil? A resposta é sim.
Os regulamentos da União Europeia aplicam-se por igual a todas as companhias, indistintamente, sejam elas tradicionais ou Low Cost. Os pilotos são treinados em companhias tradicionais, e até a manutenção é adjudicada às transportadoras de bandeira como a KLM ou a Lufthansa. A manutenção das aeronaves segue os procedimentos regulamentares da ICAO (international Civil Aviation Organization), sendo que no caso particular das Low Cost se uma destas companhias tiver um acidente, o facto de já estar associada a um determinado conceito económico traria consequências ruinosas.
É preciso ter em conta que quando optamos por voar numa companhia aérea Low Cost estamos a mudar de paradigma. É necessário confirmar os aeroportos que utilizam – podem ser bem centrais ou estar quase a uma centena de quilómetros, como acontece com a Ryanair em Bruxelas, Frankfurt ou Paris. Atenção igualmente às escalas: a maioria das companhias opera um voo, um bilhete. A ligação fica por conta e risco do passageiro, o que em caso de atraso pode trazer alguns incomodos – o melhor mesmo é dar alguma folga entre voos. A política de cancelamento varia de companhia para companhia, assim como as garantias dadas ao passageiro (seguro, extravio de bagagem, transporte de deficientes, etc.).
Nos ultimos 5 anos a penetração das Low Cost na Europa seguiu uma tendência de crescimento acentuado e Portugal não fugiu à regra. Actualmente Lisboa está ligada a 22 cidades por mais de 17 companhias aéreas Low Cost provenientes de 14 países, 13 dos quais europeus, sendo a US Airways, que liga Filadélfia à capital portuguesa. A Easyjet tornou-se mesmo a segunda companhia aérea com melhores resultados no primeiro trimestre deste ano, logo abaixo da TAP. No Algarve as estimativas apontam para que mais de 80% dos vôos que aterrem sejam provenientes de companhias aéreas baixo custo.
O que cativa nestas novas companhias aéreas é que estão a atrair novos turistas, que dificilmente viajariam aos preços normais e ainda estão a contribuir para o desenvolvimento regional. Prova disso tem sido o interesse de algumas autarquias do interior como Covilhã e Viseu para captarem algumas dessas rotas.
As Low Cost vieram para ficar, teremos assim muitos destinos a poucos Euros, mas o segredo para se conseguir os preços anunciados é comprar os bilhetes com muitos meses de antecedencia.
Editado no Jornal Diario de Viseu,em 29 de Junho de 2007
Finalmente alguém escreve aquilo que penso faz já muito tempo. ( “sendo que no caso particular das Low Cost se uma destas companhias tiver um acidente, o facto de já estar associada a um determinado conceito económico traria consequências ruinosas. “).
Parabéns excelente Post!
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