As companhias aéreas de baixo custo (low cost) transformaram-se em pouco tempo num dos maiores casos de sucesso comercial obrigando as companhias regulares a reverem as suas políticas. Algumas chegam mesmo a ser arrojadas, é o caso da Ryanair que lançou uma OPA sobre a companhia de bandeira Irlandesa AER LINGUS.

 


Nos aeroportos portugueses o share obtido pelas Low Cost é de dois dígitos contra pouco mais de 1 % de crescimento das companhias regulares. Falamos, por exemplo, em 10% dos 5,6 milhões de passageiros movimentados na Portela no primeiro semestre, ou seja 560 mil viajaram numa companhia low cost.

Funcionando como uma curva de preços, os passageiros devem reservar(a) os bilhetes o mais cedo que puderem porque o valor sobe conforme a procura aumenta enquanto nas companhias tradicionais o preço do bilhete para uma viagem é fixo.

As Low Cost servem para atrair turistas que não viajam com os preços das companhias aéreas regulares. Clientes que voam para Klagenfurt, fazem-no porque a Ryanair voa para lá, caso contrários estes turistas ou não existiam, ou escolheriam Viena ou Salzburg como cidades a visitar na Áustria.
Sabemos que as Low Cost têm a sua importância no desenvolvimento local e no crescimento turístico. Vejamos mais um exemplo de dinamismo: após o anúncio de que a easyJet iniciará operações entre Londres e Marraquech, a partir de Julho 2007, a concorrente irlandesa Ryanair anunciou um acordo com o Governo marroquino para a implementação de 20 a 25 rotas nos próximos anos.
O objectivo da Ryanair, segundo o seu vice-presidente, é transportar cerca de um milhão de passageiros por ano para Marrocos, a partir de vários aeroportos europeus.
Que país ficaria indiferente a estes números? Quem pode perder esta oportunidade? Quando significa isto em receitas para os países? Adivinhamos que as respostas a estas questões sejam animadoras.

Outro tema questionado é o da segurança. A impressão inicial é a associação entre o preço e a possível falta de segurança das aeronaves. Se as viagens são baratas isso poderá ser à custa de falta de manutenção dos aviões e não será seguro voar neles. A resposta é simples: os regulamentos da União Europeia aplicam-se por igual a todas as companhias, indistintamente, sejam elas tradicionais ou Low Cost. Os pilotos são treinados em companhias tradicionais, e até a manutenção é adjudicada aos transportadores de bandeira como a KLM ou a Lufthansa. A manutenção das aeronaves segue os procedimentos regulamentares da ICAO (International Civil Aviation Organization).

Por outro lado é evidente que se uma destas companhias tiver um acidente, o facto de já estarem associadas a um determinado conceito económico terá consequências ruinosas.

(a) Na verdade não existem reservas mas sim compras efectivas, já que não é possível uma reserva e pagar mais tarde. Daí que as companhias Low Cost tenham um enorme excedente de tesouraria e anunciam (por exemplo) que transportaram 500 000 passageiros e venderam num determinado período 650 000 viagens.